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Caraguatatuba, São Paulo, Brazil
Amo cinema e escrever sobre ele.

20 de fevereiro de 2009

Em busca de um emprego


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Já fazia duas semanas que eu havia sido dispensado de uma empresa multinacional famosa. Trabalhei para ela por dois meses como repositor de mercadorias num supermercado, mas disseram que não havia vagas suficientes.

Nos primeiros dias desempregado fiquei em casa fazendo cursos online, preenchendo currículos em sites, inclusive esse ultimo emprego eu havia conseguido graças a um desses sites e também há poucos dias eu havia recebido uma ligação sobre uma entrevista para vaga de operador de caixa e estava na espera sem muita preocupação, pois em menos de um mês depois eu teria uma audiência na justiça sobre meus direitos trabalhistas de meu penúltimo emprego. Seria uma quantidade razoável e que me ajudaria.

Mas as contas não paravam de chegar e o dinheiro que eu tinha no momento não seria suficiente até o dia da audiência.

Morava com minha mãe, como sempre morei, meu pai falecera havia dois anos, um irmão morava na mesma rua da minha casa, o Ricardo. Outro irmão, o Fernando, desde moleque preferiu viver na rua, na companhia de ripes. Nesses últimos dias ele estava freqüentando bastante minha casa, dormindo, comendo e bebendo. Como ele não ajudava financeiramente, minha mãe ficava nervosa com ele. O Ricardo também não podia ajudar.

Eu também tinha uma irmã que morava em Ubatuba, uma cidade vizinha da que a que eu morava e nasci: Caraguatatuba. Sandra, minha irmã, trabalhava num banco e era esposa de um vereador, além também de outros dois irmãos que nem conheço, mas como são mais distantes, prefiro não citar muito sobre eles.

Nesse dia acordei decidido. A internet, apesar dos proveitos que eu tirava dela, como os cursos, estava me tomando muito tempo. Então nesse dia resolvi nem ligar o computador.
Eu tinha que conseguir emprego.

Levantei-me, tomei café, me arrumei e saí com minha velha bicicleta.

Estava um sol muito quente, com poucas nuvens no céu.

O dia era vinte de fevereiro de dois mil e nove. No próximo final de semana seria carnaval e enquanto eu caminhava com a bicicleta, diversos automóveis desciam a serra de São Paulo para o litoral.

Do bairro que eu morava, Jardim Terralão, até o centro da cidade, eu demorava cerca de quinze minutos com a bicicleta, aliás, um veículo bastante utilizado na cidade.

Preferi não trancar a bicicleta na Praça Candido Mota, mais conhecida como praça do coreto e da fonte, pois apesar de ser meu local preferido de trancá-la, é próximo ao central Shopping, local de meu penúltimo trabalho e eu não queria dar de caras com meu ex-patrão.

Desci com a bicicleta pela avenida Dr. Arthur Costa Filho, mais conhecida como avenida da praia e fui até na frente do outro shopping: Praia Shopping. Lá havia outro local para trancar a bicicleta e a vantagem é que havia sombra, sendo um bom lugar para minha bicicleta descansar. Mas muita gente já havia tido a mesma idéia que eu e quando cheguei lá, já estava lotado de bicicletas trancadas.

Então fui para a Avenida Anchieta, subi para a Avenida Altino Arantes, fiquei parado em frente de um supermercado. Lá havia outro lugar para trancar a bicicleta, mas também não quis trancar a bicicleta lá, pois esse era o lugar que eu trabalhava. Eu não estava muito a fim de encontrar meus antigos companheiros de trabalho, pois isso não me ajudaria em nada.
Então me lembrei que há alguns dias eu havia trancado a bicicleta na Praça Diógenes Ribeiro de Lima, a Praça da praia e lá tinha diversas árvores que impediam o sol de chegar.

Rumei para a tal Praça e, como pensei, estava ela: com bastante espaço para eu trancar a bicicleta.

Depois de trancada, sentei-me num banco onde, no gramado ao lado, havia vários pombos deitados, esperando comida, pois ao lado havia quatro enormes caçambas de lixo.
Era onze e meia da manhã. Quando me levantei do banco, me deparei com alguns ripes montando suas barracas e outros que já estavam com elas armadas, prontos para venderem seus produtos artesanais, fazer tatuagens, etc.

Chegando à Praça de eventos, que ficava bem próxima a praia, vejo arquibancadas sendo desmontadas, onde havia tido diversos shows de cantores da moda.
As aulas já haviam começado e a cidade já estava bem vazia. Assim era Caraguatatuba fora de temporada.

Um leve resfriado chato me perturbava, mas ficar parado em casa só iria piorar a situação. Na verdade, caminhando já estava até me deixando melhor.

O parque de diversões, logo depois da praça de eventos, estava morto. E pensar que há alguns dias estava repleto de crianças se divertindo nele.

Devido a eu ter trabalhado durante dez anos num fliperama, depois em lugares em que o trabalho era direto com o público, acabei conhecendo muitas pessoas, então nesses meus vinte e oito anos, quando ando pela rua, sempre vejo algum conhecido.

Na rua também há diversos sorveteiros, com seus carrinhos lotados de picolé.

Subindo pela Rua São Benedito, a rua da igreja matriz católica, vejo uma barraca de cachorro quente e um vendedor de água de côco.

Chegando a Praça Candido Mota, vejo um vendedor ambulante de óculos escuros, além de uma senhora vendendo chapéus feitos de tricô, expostos num banco. Da mesma maneira um vendedor de barquinhos artesanais deixava suas mercadorias.

Um senhor já bem de idade, magrinho e baixinho, cuidava da Praça, soprando seu apito quando alguma pessoa passava sobre a bicicleta na Praça.

Nesse horário, muitos jovens andavam pelo centro, saindo das escolas, usando seus uniformes escolares.

No coreto, vários homens montavam os preparativos para o carnaval, como máscaras antigas. Ali todo ano sempre houve o carnaval de antigamente, reunindo muitos familiares.

Segui adiante pela Avenida Arthur Costa Filho, a Avenida mais movimentada da cidade, onde tem comércios dos mais variados tipos, como lanchonetes, farmácias, lojas de roupas, etc.

Desci pelo calçadão Santa Cruz, onde também o comercio sempre predominou.

Estando no litoral eu não poderia deixar de falar do maior objetivo dos turistas: a praia.
Passando novamente pela Praça Dr. Diógenes Ribeiro de Lima, atravessei a Avenida Arthur Costa Filho e cheguei a Praça de skate, onde havia também uma quadra de tênis. Tudo vazio.
Chegando às areias da praia do centro, algumas poucas pessoas repousavam sob árvores de chapéu de sol. Ao longe, alguns barcos pesqueiros repousavam sobre a água marítima, em cuja água não havia ninguém a não ser por um molequinho que brincava com as ondas. Essa praia tinha fama pela falta de higiene. Mas nessa cidade sempre teve outras praias ótimas, como a famosa Martin de Sá.

A onipresente brisa do mar soprava com seu frescor.

Ali próximo havia a estátua de Iemanjá, onde regularmente havia festas.

No céu, uma pessoa de asa delta rodopiava como um pássaro tonto, logo depois surgindo outra parecida com uma libélula, pousando sobre a grama, seguramente, uma mulher e o instrutor.

Nunca consegui e nem poderia ficar desempregado muito tempo, a principal fonte de renda em casa sempre fui eu. Não me envergonho de dizer que minha mãe é catadora de sucatas, infelizmente.

Um fato interessante que ocorre em todo carnaval em Caraguatatuba é o bloco das piranhas, onde vários homens se vestem de mulher, percorrendo toda a cidade e chamando atenção por onde passam.

O que sempre teve em Caraguatatuba também é o guardador de carro. Pessoas não assalariadas e que sobrevivem unicamente de caixinhas. Inclusive foi um trabalho que fiz há muito tempo quando eu tinha apenas treze anos.

Depois de algumas horas percorrendo as ruas e comércios do centro de Caraguatatuba, a fome bateu e resolvi pegar minha bicicleta e voltar para casa.

Cheguei à conclusão que existem diversas opções de trabalho na cidade. O problema é que existe mais procura do que vagas.

Antes de pegar minha bicicleta, um carro parou ao meu lado e um casal me perguntou onde era São Sebastião, uma cidade ao lado de Caraguatatuba. Não consegui explicar corretamente, dizendo apenas para seguir reto e virar quando surgisse uma placa sinalizando “São Paulo”. O homem pareceu ficar zangado e disse que se havia sinalização, não necessitava de explicação.

No caminho de casa, já em minha bicicleta, outro carro parou, com outro casal, pedindo informação. Sempre foi comum haver turistas perdidos. Perguntaram-me onde era Maresias, uma cidade depois de São Sebastião, mas eles estavam na direção de Ubatuba, que era sentido contrario a Maresias. Então dessa vez consegui explicar da melhor maneira o caminho a eles.

Seguindo em frente, passei por alguns vendedores de caldo de cana que ficavam parados na beira da estrada.

Parei na padaria e comprei um refrigerante (do mais barato), inclusive a sacola da padaria arrebentou, me fazendo pegar duas por segurança. Essas sacolas sempre arrebentam não é?

Por fim cheguei ao conforto de minha casa, encerrando então minha peregrinação em busca de um emprego.

A menina do lado (1987)

Director: Alberto Salvá

Reginaldo Farias ... Mauro

Flávia Monteiro ... Alice

Country: Brazil

Language: Portuguese

Tags: Older Man Younger Woman Lolita Young Girl Urination Scene

http://www.imdb.com/title/tt0235578/

Com toda a polêmica que Lolita causou, fazendo surgir depois em vários países diversos filmes sobre o mesmo assunto: O amor entre um homem e uma garota.

Aqui nesse filme brasileiro, Reginaldo Faria interpreta Mauro, um escritor (refêrencia ao personagem de Nabokov?) de uns quarenta anos, casado, com dois filhos, que passa uma temporada numa casa litorânea, sozinho, para escrever um livro, onde na casa ao lado está uma menina de catorze anos chamada Alice (outra refêrencia a mais um livro onde o autor
também se enamorava por pequenas garotas?), interpretada pela linda Flávia Monteiro, passando férias escolares, que então se conhecem e passam a ter um romance entre eles.

Apesar dos primeiros minutos do filme serem extremamente datados, pois são mostrados aparelhos de som com velhas fitas K7, orelhões com as extintas fichas, mas depois o filme se concentra unicamente no relacionamento entre os dois.

Obviamente que não poderia faltar os problemas de diferença de idade, como a menina achar chato a falta de diversão em Mauro, mas nesse filme não há mensão de problemas mentais nos dois, como sugere por exemplo a estória de Lolita, tudo é sereno, sem pessimismo no futuro deles da parte do autor da estória. Na verdade existe a mesma intenção entre A menina do lado e Lolita: Mostrar que pode normalmente haver amor entre uma jovem e um adulto, apesar dos possíveis problemas sociais. Mas a diferença entre essas duas estórias é que em Lolita, há mais atração da parte do homem do que da garota. Já em A menina do lado o amor é mútuo nos dois. Outra diferença também é a rivalidade que há em Lolita, pois há um outro homem que se enamora por Dolores, já aqui a própria menina diz que não gosta dos meninos da idade dela e mesmo que ela quisesse, a única pessoa mais próxima que poderia se enamorar por ela seria um velho amigo deles, Paulo, interpretado por Sérgio Mamberti, mas esse gosta e mantém um caso com um jovem garoto, outro assunto também citado no filme: o de diferença de idade, mas pelo mesmo sexo.

Falando em sexo, há inúmeras cenas picantes no filme que com toda certeza desagradará muitas senhoras de boa índole.

Assim como em Romeu e Julieta, que é citado nesse filme, onde há a diferença de classes, aqui há uma preocupação entre os dois amantes sobre suas diferenças de idade.

Para complementar, no filme há uma belíssima música de Tom Jobim e uma fotografia muito bem feita, assim como atores na medida certa.

Enfim, um romance adorável!

Nota: 10/10